Correios contrariam norma e entregam santinho de Dilma sem controle


A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, e o vice, Michel Temer, durante evento na cidade de Jales, no interior paulista
A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, e o vice, Michel Temer, durante evento na cidade de Jales, no interior paulista (Ivan Pacheco/VEJA.com)
Contrariando norma da própria estatal, os Correios distribuem panfletos de campanha da presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) sem chancela ou comprovante de postagem oficial - o que impede a comprovação de pagamento para o envio da propaganda eleitoral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Ao menos 4,8 milhões de panfletos petistas foram distribuídos desse modo. Sem a chancela, contudo, é impossível saber ao certo se a quantidade de material enviado corresponde à paga pelo partido.
Segundo o jornal, a exceção foi aberta por meio de comunicado interno distribuído em 3 de setembro pela Diretoria Regional Metropolitana dos Correios. No texto, atribuiu-se ao fato um problema na impressão das peças, enviadas como mala postal domiciliária. O caso é tratado como "excepcional". O órgão responsável pela autorização é chefiado por Wilson Abadio de Oliveira, afilhado político do vice-presidente Michel Temer (PMDB), que aparece sorridente ao lado de Dilma e Lula nos folders distribuídos. As peças circularam pela Grande São Paulo e cidades do interior até o dia 12 deste mês.
O caso provocou irritação nos carteiros, que ameaçaram não entregar os santinhos. Ao questionarem seus chefes sobre a ausência da estampa oficial, informa a reportagem, foram orientados a entregá-los como estavam. O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Sintect-ACS) em Campinas enviou uma carta a Divinomar Oliveira da Silva, filiado ao PT e diretor regional da estatal no interior do Estado, cobrando esclarecimentos. A categoria ameaça entrar com representação no Tribunal Superior Eleitoral. Já os Correios informam que o pagamento pelo serviço foi feito à vista, com emissão de recibos, e que a autorização "excepcional" está prevista nas moras da estatal. Nomeado por Dilma em 2010, o sindicalista Wagner Pinheiro preside a empresa. Filiado ao PT do Rio de Janeiro, ele transformou a estatal em feudo do partido desde que assumiu o cargo.
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