Diamantes mudam a vida de Nordestina
O
município de Nordestina, na região sisaleira, a 350km de Salvador, deve
se transformar, a partir de 2015, em um dos maiores produtores de
diamante do mundo, com o funcionamento da primeira mina de diamantes em
rocha kimberlítica da América Latina. Num trabalho conjunto, as equipes
da Sucursal Regional da Tribuna da Bahia e do Diário
do Sisal, em Conceição do Coité, estiveram na zona rural de Nordestina,
Fazenda Angical, a 10 km da sede do município, e conversaram com
Christian N. Schobbenhaus, gerente de projetos da empresa Lipari
Mineração.
Ele disse que a produção média anual estimada de diamantes em
Nordestina é de 225 mil quilates, ao longo da vida útil de sete anos da
mina a céu aberto, com capacidade de desenvolvimento de mina
subterrânea. Com esses atributos, a partir de 2015 o Brasil deverá
integrar o ranking dos 11 maiores produtores mundiais desse mineral.
Explicou que kimberlitos são rochas vulcânicas formadas a grandes
profundidades (200 km ou mais) e cuja existência é fundamental para que
diamantes possam ser encontrados em superfície. Os diamantes são
extraídos do interior da terra por meio do magma kimberlítico, durante
sua ascensão, e tornam-se superficiais em erupções vulcânicas.
O Projeto Braúna da Lipari abrange 22 ocorrências de kimberlitos.
O depósito Br-3 é o maior dentre elas, foco dos trabalhos da pesquisa
desde 2008. Em cinco anos, os resultados dessa unidade foram altamente
produtivos, sendo extraídos os primeiros diamantes baianos da mina em
Nordestina, que nessa fase inicial (implantação e construção) deve gerar
600 empregos. A partir do pleno funcionamento serão 300 empregos
diretos, podendo ainda propiciar até 3.500 indiretos.
Em janeiro deste ano foi atualizada a estimativa de recursos minerais
do depósito kimberlítico, com potencial mineral de mais de
1,7 milhão de quilates. Os estudos foram baseados em um trabalho de
exploração que consistiu em 91 furos de sondagem, totalizando 14.689
metros, testando o depósito a uma profundidade vertical de 350 metros.
Conforme Christian, a reserva foi descoberta na década de 90, pela De
Beers, maior produtora de diamantes do mundo. Com a chegada da Lipari
Mineração foi desenvolvido o kimberlito Braúna 3.
“Aqui existe um conjunto com 22 corpos de kimberlitos e a Lipari
selecionou o Braúna 3 para desenvolver o projeto. Foram gastos quase
cinco anos de pesquisas, envolvendo profissionais experientes de várias
áreas. O projeto para o desenvolvimento do Braúna 3 teve inicio em 2010,
com amostras de grande volume, junto a isso foram feitos vários furos
de sondagem que serviram para cálculo de volume.
Há reservas calculáveis até 200 metros de profundidade e elas podem
ser mais profundas. Temos conhecimento da extensão do corpo kimberlito
Braúna 3 até 350 metros de profundidade e vamos continuar com os estudos
para verificar a profundidade e a viabilidade dele” explica.
Produção deve começar a partir de 2015
Christian N. Schobbenhausa ainda acrescentou que tudo vem ocorrendo
de acordo com o cronograma, incluindo a liberação ambiental do Inema. A
previsão é iniciar a fase de operação e produção em 2015. “Com dois anos
de operação da mina a céu aberto vamos retornar à fase de pesquisa para
avaliar uma futura operação de mina subterrânea para o depósito abaixo
dos 200 metros”.
O processo para cálculo de teor de diamantes em kimberlitos é
diferente de outros minerais a exemplo do ouro. Neste é feita sondagem,
identificada a zona mineralizada no testemunho de sondagem e mandado
para o laboratório para cálculo do teor. Já o diamante é preciso um
projeto de pré-lavra – um beneficiamento experimental –, por isso é
necessário grandes volumes de kimberlito para poder ter um teor
confiável de diamantes.
A instalação dos equipamentos só após a licença de instalação
concedida pelo Inema, que deve ocorrer entre março e abril. Equipamentos
já estão sendo comprados, inclusive a planta de tratamento.
“Com a liberação da licença de instalação poderemos iniciar a
instalação da planta de tratamento, fazer a remoção da vegetação e o
pré-stripping, que é a última etapa antes do início da lavra, deixando a
área preparada para quando recebermos a licença de operação. A partir
daí vamos poder começar a retirar o minério e produzir”, diz o gerente
de projetos da Lipari.
Tendo em vista a expectativa de exploração da mina de diamantes, a
partir de 2015, o prefeito Ito Araújo começa a elaborar um audacioso
projeto social que visa melhorar as condições de vida da população de
baixa renda do município. Com isso ele pretende investir mais nas áreas
de educação, saúde, ação social, infraestrutura e segurança.
Recentemente o presidente da Lipari Mineração, Ken Johnson,
participou da audiência publica sobre o assunto, na Câmara de
Nordestina, que reuniu cerca de 250 pessoas e se mostrou satisfeito. “O
resultado não poderia ter sido melhor, uma vez que nos dá certeza que o
nosso licenciamento está sendo conduzido de forma transparente e
seguindo rigorosamente as exigências do Inema, o que tranquiliza a
população de Nordestina e outros municípios próximos”, disse.
Tribuna da Bahia