Por falta de vagas no semiaberto, Genoino e outros mensaleiros podem ter de usar tornozeleiras
Com o
sistema penitenciário brasileiro superlotado, advogados de mensaleiros com
direito ao semiaberto podem pedir que seus clientes cumpram a pena em regime
mais brando. Caso consigam o benefício, porém, os condenados podem ter de usar
tornozeleiras.
O artigo
146-B da Lei de Execução Penal prevê a possibilidade do uso do dispositivo em
caso de prisão domiciliar. A defesa do ex-presidente do PT José Genoino falou explicitamente, no fim de
semana, em solicitar que o condenado fique detido em casa.
O
advogado Luiz Fernando Pacheco disse que essa é uma obrigação do Estado.
— Se não
houver vaga [no semiaberto], e isso não é culpa do sentenciado, é culpa do Estado,
pediremos a prisão domiciliar.
Por
enquanto, Genoino, o ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares estão no Centro de
Internamento e Reeducação da Papuda, no Distrito
Federal, prisão destinada a detidos no semiaberto que trabalham no local e a
presos que necessitam de proteção especial, como policiais.
Ao menos
Dirceu e Genoino devem pedir transferência para São Paulo. No Estado, porém, há
mais presos que vagas no semiaberto, segundo números do Depen (Departamento
Penitenciário Nacional). O levantamento mais recente, de dezembro passado,
indica que há 21.302 detentos para 13.096 vagas.
Segundo a
advogada Adriana de Melo Nunes Martorelli, da Comissão de Política Criminal e
Penitenciária da OAB-SP, a prisão domiciliar ocorre apenas em situações
excepcionais:
— A
prisão domiciliar destina-se a idosos, pessoas com doenças graves e mulheres grávidas.
Não é o caso dos mensaleiros. Sem vaga no semiaberto, em princípio eles iriam
para presídios albergues. Mas, por falta também de prisões desse tipo, podem
acabar no regime domiciliar.
A
diferença entre o semiaberto e o albergue é que, no primeiro, o preso só sai se
tem trabalho fora, enquanto, no segundo, o preso apenas dorme, mesmo que não
tenha um emprego fixo.
Adriana
confirma que, em caso de prisão domiciliar, os mensaleiros podem ter de usar a
tornozeleira.
— É uma
forma de a Justiça os monitorar. Isso depende da decisão do juiz.
A
situação pode ocorrer não só com os presos que pedirão transferência a São
Paulo. No próprio Distrito Federal, segundo os dados de dezembro do Depen, há
falta de vagas no semiaberto: há 3.220 presos para 1.923 vagas. Em Minas, a
situação é mais branda, mas os números também apontam déficit. São 4.849 presos
para 4.709 vagas.
Fonte: R7